quarta-feira, 30 de junho de 2010

Educadores musicais brasileiros

Os educadores musicais brasileiros contribuíram e ainda contribuem muito para o crescimento da educação musical no país. Podemos dizer que os educadores brasileiros se dividem em dois grupos: um que está voltado para a iniciação musical e o outro que está focado na formação musical.

No grupo que trabalha as propostas de iniciação musical encontramos os seguintes nomes: Gazzi de Sá, Sá Pereira, Liddy Chiaffarelli Mignone, Anita Guarnieri, Jurity de Souza Farias, Cacilda Borges Barbosa, Maria de Lourdes Junqueira Gonçalves.

Dentre as principais características deste grupo de educadores podemos destacar: a preocupação com a vivência dos elementos musicais antes do aprendizado da teoria, a educação do ouvido antes do aprendizado de um instrumento específico, a interação da música com outras áreas artísticas, transformar a prática musical numa atividade prazerosa e desenvolver o gosto pela música.

Os educadores Esther Scilar, Eduardo Giochi Gramani e Osvaldo Lacerda fazem parte do grupo que está voltado ao aperfeiçoamento musical. As principais características deste grupo estão relacionadas ao estudo mais aprofundado da música.

O músico Eduardo Gramani, por exemplo, destaca a abordagem contrapontística do elemento rítmico. Propõe a independência e musicalidade no estudo de rítmica. Já o método da professora Esther Scilar tem como fundamento a construção de uma base sólida dos elementos de estruturação musical no nível prático e no teórico e o compositor Osvaldo Lacerda oferece uma organização do conteúdo teórico-prático.

Qualidades do educador musical

O educador musical deve agregar conhecimentos de variadas áreas bem como estar disposto a experimentar variadas possibilidades. O ser humano é composto de uma complexa estrutura física, mental, emocional e espiritual. Cada pessoa é um ser único que traz consigo suas características peculiares e sua história de vida. Existe um relacionamento muito estreito entre a mente, as emoções e a parte física do homem. Com o passar dos anos houve um crescente desenvolvimento das áreas de conhecimento que abrangem o homem e sua totalidade. Além disso, atualmente há uma grande preocupação no sentido de que as diversas áreas do conhecimento se relacionem entre si.

É preciso atentar para este fato, principalmente quando tratamos do assunto educação. Um bom educador musical deve agregar conhecimentos de variadas áreas. É preciso que ele busque desenvolver algumas qualidades que serão essenciais durante o seu percurso. Espera-se que o educador musical tenha um bom domínio do conhecimento musical. Dentro desta área é interessante que o educador conheça e saiba manejar instrumentos de percussão, instrumentos melódicos e harmônicos.

Uma ferramenta que pode ser muito utilizada no trabalho do educador musical é a voz. É importante que o educador tenha algum conhecimento nesta área, pois o canto é acessível a todos.

Para educadores musicais como Dalcroze e Orff, por exemplo, o movimento corporal é bastante enfatizado. É imprescindível que o educador musical tenha uma percepção corporal adequada. Para isso ele pode agregar conhecimentos advindos da dança, de técnicas de expressão corporal, da yoga e da ginástica.

Uma competência extremamente valorizada em nossos dias é a da comunicação. O educador musical deve buscar o desenvolvimento da habilidade de comunicar-se através de livros, cursos e treinamento prático. A capacidade de trabalhar em equipe também é um item que deve ser agregado.

No mundo globalizado de hoje, as pessoas têm prontamente as mais diversas informações das mais diferentes áreas. É fundamental que o educador musical seja uma pessoa bem informada sobre os fatos atuais e que também possua conhecimentos de História.

O homem tem pensamentos, ações e reações conforme cada situação. Para procurar compreender as emoções, as reações, a forma de relacionar-se com a vida, as fases do desenvolvimento, bem como conhecer melhor a si mesmo é muito produtivo que o educador musical adquira conhecimentos na área de Psicologia.

A tarefa de ensinar também exige que o educador musical tenha consciência de como esse processo deve acontecer. Para isso, ele precisa obter conhecimentos na área de Pedagogia.

Cada educador musical estrangeiro e brasileiro traz uma contribuição diferente para a educação musical. É muito importante que o educador musical tenha um bom conhecimento das propostas e métodos destes educadores e esteja disposto a experimentar as mais variadas possibilidades no desenvolvimento de seu trabalho.

O educador musical encontrará públicos e situações diferentes em cada lugar. Para atingir esses públicos em diversas situações é preciso que tenha grande flexibilidade para mudanças e que esteja sempre aberto a novas possibilidades.

Para finalizar, pode-se dizer que a educação musical é uma área muito abrangente e que deve estar relacionada a outras áreas do conhecimento tais como, expressão corporal, comunicação, História, Psicologia, Pedagogia e outras.

Em sua trajetória, o educador musical com certeza se utilizará do conhecimento destas áreas em diversos momentos para desenvolver o educando e todas as suas potencialidades e possibilidades.

Dicas para saúde vocal

  • Alimentação saudável
  • Beber bastante água
  • Praticar exercícios físicos
  • Evitar bebidas geladas
  • Não fumar
  • Fazer aquecimento antes do uso da voz

Curiosidade

Este vídeo da Masterpiece do King´s Singers é muito curioso.

http://www.youtube.com/watch?v=JXhAz0DOpMU&feature=related

Vale a pena assistir.

Dicas de livros

Ensinado música musicalmente de Keith Swanwick - Editora Moderna

O ouvido pensante de Murray Schafer - Fundação editora da Unesp

A afinação do mundo - Fundação editora da Unesp


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Educação Musical: idéias e definições

Pesquisando sobre conceitos, idéias e definições da expressão “educação musical” descrevemos o pensamento de alguns autores que abordam o tema e procuramos fazer uma interface entre os conceitos escolhidos e o que pensamos a respeito do assunto em questão.
Para Koellreutter (1998) a educação musical tem que ser capaz de despertar as capacidades de percepção, comunicação, autodisciplina, trabalho em equipe, adequação dos interesses pessoais aos do grupo, discernimento, análise e síntese, desembaraço e autoconfiança, redução do medo e da inibição causados por preconceitos, desenvolvimento da criatividade, do senso crítico, da responsabilidade, da sensibilidade, da conscientização, que é base essencial do raciocínio e da reflexão.
As colocações do educador musical Koellreutter são muito pertinentes e provocam reflexões sobre a amplitude de um trabalho de educação musical. Koellreutter nos leva a pensar na relevância da educação musical para nossa sociedade e na seriedade com que este trabalho precisa ser desenvolvido. A educação musical que é capaz de aperfeiçoar a comunicação, a percepção, a criatividade, a sensibilidade, o trabalho em equipe e outros é extremamente necessária não somente para músicos profissionais mas para todas as pessoas.
De acordo com Arroyo (2002), "Educação Musical" abrange muito mais do que a iniciação musical formal, isto é, é educação musical aquela introdução ao estudo formal da música e todo o processo acadêmico que o segue, incluindo a graduação e pós-graduação; é educação musical o ensino e aprendizagem instrumental e outros focos; é educação musical o ensino e aprendizagem informal de música. Desse modo, o termo abrange todas as situações que envolvam ensino e/ou aprendizagem de música, seja no âmbito dos sistemas escolares e acadêmicos, seja fora deles.
A definição de educação musical trazida por Arroyo é muito ampla e compreende diferentes campos de ação.
Concordamos com a autora quando afirma que o termo “educação musical” envolve todas as situações que envolvam ensino e/ou aprendizagem de música no âmbito escolar ou fora dele. Uma pessoa pode, por exemplo, como autodidata buscar aprender um instrumento. Podemos realizar brincadeiras, atividades e jogos musicais com crianças fora do contexto escolar e promover educação musical.
Segundo Caldeira e Fonterrada (2006), a educação musical é o meio pelo qual diferentes experiências musicais se encontram, se influenciam, se transformam, constituindo-se um processo aberto, dinâmico e dialógico. Seu principal objetivo é o humano, a transformação do homem e da realidade (Koellreutter, 1998, p. 44), promovendo encontros criativos do homem com a música que o cerca e que o constitui enquanto ser sócio-histórico. Ao trabalhar criativamente com todas as possibilidades sonoras que a realidade oferece, inclusive as obras musicais, a educação musical tem um papel fundamental na conscientização da responsabilidade do homem na manipulação deste material, manipulação que o influencia na (re) elaboração de seus sentimentos, emoções, impressões e no seu processo de atribuir sentidos ao meio em que está inserido.
O conceito de educação musical apresentado pelas autoras Caldeira e Fonterrada é baseado principalmente nas idéias de compositores e educadores musicais que pertencem ao século XX e XXI tais como Schaffer, Koellreuter, Flusser entre outros.
O trabalho criativo sem dúvida precisa ser muito explorado na educação musical. Percebermos que formas tradicionais de ensino de instrumentos, por exemplo, não contemplam muito a criatividade do aluno, não dão espaço para que o aluno experimente, vivencie, e explore as possibilidades dos sons que o envolvem. O enfoque proposto pelas autoras neste artigo é bastante atual e nos convida também a reflexão e à busca de caminhos criativos entre o homem e a música para que o mesmo possa experimentá-la em todas as suas possibilidades.
O professor Swanwick (2003) relaciona três princípios de educação musical. No primeiro principio diz que é preciso considerar a música como discurso, no segundo princípio devemos considerar o discurso musical dos alunos e no terceiro princípio o autor enfatiza a importância da fluência musical no início e no final.
Os princípios elencados por Swanwick são muito interessantes para a aplicação na educação musical. Encarar a música como discurso faz com que o educador busque desenvolver formas expressivas no fazer musical dos alunos seja no ato de cantar ou de tocar. É preciso considerar também o discurso dos alunos. Concordamos com Swanwick que compor, tocar e apreciar são ações que devem ser oferecidas aos alunos para que expressem suas individualidades. Em relação ao princípio da fluência musical, que é comparada pelo autor com a linguagem, entendemos que estimulando o aluno a ouvir, a articular e somente depois a ler e escrever música utilizaremos princípios do aprendizado natural de um idioma por uma criança e isso modifica a maneira de encararmos a educação musical.
Considerando os conceitos e idéias apresentadas concluímos que cada autor traz importantes contribuições sobre a educação musical e que esta deve sempre ser alvo de constante busca e reflexões por parte daqueles que se propõem a atuar como educadores musicais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROYO, M. Educação musical na contemporaneidade. Anais do II Seminário Nacional de Pesquisa em Musica da UFG, 2002, p.18-19. Disponível em:
http://www.musica.ufg.br/mestrado/anais/anais%20II%20Sempem/artigos/artigo%20Magarete%20Arroyo.pdf

CALDEIRA, Z. A., FONTERRADA, M.T. O. A educação musical e o estudo do processo de interação criança/música no contexto hospitalar. XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM) Brasília – 2006, p. 999. Disponível em :
http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2006/CDROM/POSTERES/12_Pos_Must

erap/12POS_Musterap_01-229.pdf

KOELLREUTTER, H-J. Educação Musical – hoje e, quiçá, amanhã. In: Educadores Musicais de São Paulo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1998.

SWANWICK, K. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.





O papel da inclusão digital no processo educativo

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) em 2008 31,2% dos domicílios brasileiros possuíam microcomputadores e 23,8% tinham acesso à internet. O Brasil é um país de contrastes e no campo da tecnologia digital as diferenças entre as regiões são bastante expressivas. As estatísticas mostram que a maior concentração de computadores e de acesso à internet localiza-se no Sudeste do país havendo grande desigualdade em relação às outras regiões.
Contudo o fato de muitos lares possuírem computadores e acesso à internet não garante que os indivíduos saibam utilizar os computadores e a internet e que se beneficiem de seu uso. A inclusão digital, portanto está relacionada não apenas a aquisição de equipamentos, mas também a proporcionar condições para que os indivíduos possam utilizar os computadores com qualidade. Isso envolve aspectos educacionais, políticos, econômicos e sociais.
Não são poucos os alunos que se matriculam em cursos de informática sem possuírem um computador e sem perspectivas de adquirirem um equipamento em curto prazo. Este fato não impede o indivíduo de freqüentar o curso e até certificar-se, mas a falta do computador para exercitar seus conhecimentos pode ser um fator determinante no momento de competir pela vaga de um emprego que exija completo domínio das ferramentas tecnológicas. É provável que um indivíduo com mais recursos financeiros que possua computador e acesso a internet leve um pouco mais de vantagem neste momento. Pessoas com maior poder aquisitivo têm ao seu alcance todos os dispositivos tecnológicos para consulta a bancos, serviços de sites governamentais, de escolas entre outros. Nesse ponto existe uma discrepância enorme, pois os cidadãos menos privilegiados financeiramente são os que mais necessitam dos benefícios que a tecnologia pode oferecer e os que estão mais distantes desta realidade.
Além da questão de possuir um equipamento com acesso à internet é preciso habilitar-se, conhecer o funcionamento dos programas, saber utilizar os mecanismos de busca e outros serviços oferecidos pela internet. É bem verdade que as crianças e adolescentes são cada vez mais precoces no sentido de manusear os computadores e entender o funcionamento dos mesmos com extrema facilidade e agilidade. Os adultos precisam de um tempo maior para se familiarizar com tantos botões e comandos. Alguns indivíduos chegam a desenvolver a tecnofobia que é o medo da tecnologia e outros até mesmo aversão a computadores.
Outro fato a ser considerado é que na internet a maioria dos sites está em inglês o que acaba dificultando o acesso àqueles que não têm o domínio desta língua impedindo o acesso a informações que poderiam ser valiosas para uma consulta ou pesquisa mais aprofundada.
Que mecanismos poderiam ser criados para minimizar tantos problemas e que ao mesmo tempo atuassem como facilitadores no processo educativo?
O jovem, o adolescente ou o adulto que domine a linguagem tecnológica pode atuar como um agente integrador primeiramente em sua própria família compartilhando seus conhecimentos com as pessoas de seu convívio familiar.
O governo poderia promover mais ações no sentido de facilitar a aquisição de computadores pelos cidadãos e paralelamente oferecer cursos de capacitação para a utilização de programas de computador e da internet.
As universidades e faculdades que formam profissionais na área de ciência da computação poderiam fomentar mais cursos voltados às instituições e a comunidade em geral.
Pessoas com interesses e conhecimentos em informática poderiam se reunir em comunidades virtuais com o intuito de compartilharem idéias construindo ambientes de forma colaborativa para formarem cursos gratuitos online com tutoriais e apoio à distância.
A criação de organizações não governamentais (ONGs) tais como o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) que tem como missão “utilizar a tecnologia como uma ferramenta para combater a pobreza e a desigualdade, estimular o empreendedorismo e criar novas gerações de empreendedores sociais” constitui um meio de aperfeiçoar as relações entre a tecnologia digital e o âmbito social. Informações adicionais sobre o CDI são encontradas no site da organização:
http://www.cdi.org.br/

Fonte de pesquisa

Pnad 2008. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1455&id_pagina=1