segunda-feira, 24 de maio de 2010

Educação Musical: idéias e definições

Pesquisando sobre conceitos, idéias e definições da expressão “educação musical” descrevemos o pensamento de alguns autores que abordam o tema e procuramos fazer uma interface entre os conceitos escolhidos e o que pensamos a respeito do assunto em questão.
Para Koellreutter (1998) a educação musical tem que ser capaz de despertar as capacidades de percepção, comunicação, autodisciplina, trabalho em equipe, adequação dos interesses pessoais aos do grupo, discernimento, análise e síntese, desembaraço e autoconfiança, redução do medo e da inibição causados por preconceitos, desenvolvimento da criatividade, do senso crítico, da responsabilidade, da sensibilidade, da conscientização, que é base essencial do raciocínio e da reflexão.
As colocações do educador musical Koellreutter são muito pertinentes e provocam reflexões sobre a amplitude de um trabalho de educação musical. Koellreutter nos leva a pensar na relevância da educação musical para nossa sociedade e na seriedade com que este trabalho precisa ser desenvolvido. A educação musical que é capaz de aperfeiçoar a comunicação, a percepção, a criatividade, a sensibilidade, o trabalho em equipe e outros é extremamente necessária não somente para músicos profissionais mas para todas as pessoas.
De acordo com Arroyo (2002), "Educação Musical" abrange muito mais do que a iniciação musical formal, isto é, é educação musical aquela introdução ao estudo formal da música e todo o processo acadêmico que o segue, incluindo a graduação e pós-graduação; é educação musical o ensino e aprendizagem instrumental e outros focos; é educação musical o ensino e aprendizagem informal de música. Desse modo, o termo abrange todas as situações que envolvam ensino e/ou aprendizagem de música, seja no âmbito dos sistemas escolares e acadêmicos, seja fora deles.
A definição de educação musical trazida por Arroyo é muito ampla e compreende diferentes campos de ação.
Concordamos com a autora quando afirma que o termo “educação musical” envolve todas as situações que envolvam ensino e/ou aprendizagem de música no âmbito escolar ou fora dele. Uma pessoa pode, por exemplo, como autodidata buscar aprender um instrumento. Podemos realizar brincadeiras, atividades e jogos musicais com crianças fora do contexto escolar e promover educação musical.
Segundo Caldeira e Fonterrada (2006), a educação musical é o meio pelo qual diferentes experiências musicais se encontram, se influenciam, se transformam, constituindo-se um processo aberto, dinâmico e dialógico. Seu principal objetivo é o humano, a transformação do homem e da realidade (Koellreutter, 1998, p. 44), promovendo encontros criativos do homem com a música que o cerca e que o constitui enquanto ser sócio-histórico. Ao trabalhar criativamente com todas as possibilidades sonoras que a realidade oferece, inclusive as obras musicais, a educação musical tem um papel fundamental na conscientização da responsabilidade do homem na manipulação deste material, manipulação que o influencia na (re) elaboração de seus sentimentos, emoções, impressões e no seu processo de atribuir sentidos ao meio em que está inserido.
O conceito de educação musical apresentado pelas autoras Caldeira e Fonterrada é baseado principalmente nas idéias de compositores e educadores musicais que pertencem ao século XX e XXI tais como Schaffer, Koellreuter, Flusser entre outros.
O trabalho criativo sem dúvida precisa ser muito explorado na educação musical. Percebermos que formas tradicionais de ensino de instrumentos, por exemplo, não contemplam muito a criatividade do aluno, não dão espaço para que o aluno experimente, vivencie, e explore as possibilidades dos sons que o envolvem. O enfoque proposto pelas autoras neste artigo é bastante atual e nos convida também a reflexão e à busca de caminhos criativos entre o homem e a música para que o mesmo possa experimentá-la em todas as suas possibilidades.
O professor Swanwick (2003) relaciona três princípios de educação musical. No primeiro principio diz que é preciso considerar a música como discurso, no segundo princípio devemos considerar o discurso musical dos alunos e no terceiro princípio o autor enfatiza a importância da fluência musical no início e no final.
Os princípios elencados por Swanwick são muito interessantes para a aplicação na educação musical. Encarar a música como discurso faz com que o educador busque desenvolver formas expressivas no fazer musical dos alunos seja no ato de cantar ou de tocar. É preciso considerar também o discurso dos alunos. Concordamos com Swanwick que compor, tocar e apreciar são ações que devem ser oferecidas aos alunos para que expressem suas individualidades. Em relação ao princípio da fluência musical, que é comparada pelo autor com a linguagem, entendemos que estimulando o aluno a ouvir, a articular e somente depois a ler e escrever música utilizaremos princípios do aprendizado natural de um idioma por uma criança e isso modifica a maneira de encararmos a educação musical.
Considerando os conceitos e idéias apresentadas concluímos que cada autor traz importantes contribuições sobre a educação musical e que esta deve sempre ser alvo de constante busca e reflexões por parte daqueles que se propõem a atuar como educadores musicais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROYO, M. Educação musical na contemporaneidade. Anais do II Seminário Nacional de Pesquisa em Musica da UFG, 2002, p.18-19. Disponível em:
http://www.musica.ufg.br/mestrado/anais/anais%20II%20Sempem/artigos/artigo%20Magarete%20Arroyo.pdf

CALDEIRA, Z. A., FONTERRADA, M.T. O. A educação musical e o estudo do processo de interação criança/música no contexto hospitalar. XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM) Brasília – 2006, p. 999. Disponível em :
http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2006/CDROM/POSTERES/12_Pos_Must

erap/12POS_Musterap_01-229.pdf

KOELLREUTTER, H-J. Educação Musical – hoje e, quiçá, amanhã. In: Educadores Musicais de São Paulo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1998.

SWANWICK, K. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.





O papel da inclusão digital no processo educativo

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) em 2008 31,2% dos domicílios brasileiros possuíam microcomputadores e 23,8% tinham acesso à internet. O Brasil é um país de contrastes e no campo da tecnologia digital as diferenças entre as regiões são bastante expressivas. As estatísticas mostram que a maior concentração de computadores e de acesso à internet localiza-se no Sudeste do país havendo grande desigualdade em relação às outras regiões.
Contudo o fato de muitos lares possuírem computadores e acesso à internet não garante que os indivíduos saibam utilizar os computadores e a internet e que se beneficiem de seu uso. A inclusão digital, portanto está relacionada não apenas a aquisição de equipamentos, mas também a proporcionar condições para que os indivíduos possam utilizar os computadores com qualidade. Isso envolve aspectos educacionais, políticos, econômicos e sociais.
Não são poucos os alunos que se matriculam em cursos de informática sem possuírem um computador e sem perspectivas de adquirirem um equipamento em curto prazo. Este fato não impede o indivíduo de freqüentar o curso e até certificar-se, mas a falta do computador para exercitar seus conhecimentos pode ser um fator determinante no momento de competir pela vaga de um emprego que exija completo domínio das ferramentas tecnológicas. É provável que um indivíduo com mais recursos financeiros que possua computador e acesso a internet leve um pouco mais de vantagem neste momento. Pessoas com maior poder aquisitivo têm ao seu alcance todos os dispositivos tecnológicos para consulta a bancos, serviços de sites governamentais, de escolas entre outros. Nesse ponto existe uma discrepância enorme, pois os cidadãos menos privilegiados financeiramente são os que mais necessitam dos benefícios que a tecnologia pode oferecer e os que estão mais distantes desta realidade.
Além da questão de possuir um equipamento com acesso à internet é preciso habilitar-se, conhecer o funcionamento dos programas, saber utilizar os mecanismos de busca e outros serviços oferecidos pela internet. É bem verdade que as crianças e adolescentes são cada vez mais precoces no sentido de manusear os computadores e entender o funcionamento dos mesmos com extrema facilidade e agilidade. Os adultos precisam de um tempo maior para se familiarizar com tantos botões e comandos. Alguns indivíduos chegam a desenvolver a tecnofobia que é o medo da tecnologia e outros até mesmo aversão a computadores.
Outro fato a ser considerado é que na internet a maioria dos sites está em inglês o que acaba dificultando o acesso àqueles que não têm o domínio desta língua impedindo o acesso a informações que poderiam ser valiosas para uma consulta ou pesquisa mais aprofundada.
Que mecanismos poderiam ser criados para minimizar tantos problemas e que ao mesmo tempo atuassem como facilitadores no processo educativo?
O jovem, o adolescente ou o adulto que domine a linguagem tecnológica pode atuar como um agente integrador primeiramente em sua própria família compartilhando seus conhecimentos com as pessoas de seu convívio familiar.
O governo poderia promover mais ações no sentido de facilitar a aquisição de computadores pelos cidadãos e paralelamente oferecer cursos de capacitação para a utilização de programas de computador e da internet.
As universidades e faculdades que formam profissionais na área de ciência da computação poderiam fomentar mais cursos voltados às instituições e a comunidade em geral.
Pessoas com interesses e conhecimentos em informática poderiam se reunir em comunidades virtuais com o intuito de compartilharem idéias construindo ambientes de forma colaborativa para formarem cursos gratuitos online com tutoriais e apoio à distância.
A criação de organizações não governamentais (ONGs) tais como o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) que tem como missão “utilizar a tecnologia como uma ferramenta para combater a pobreza e a desigualdade, estimular o empreendedorismo e criar novas gerações de empreendedores sociais” constitui um meio de aperfeiçoar as relações entre a tecnologia digital e o âmbito social. Informações adicionais sobre o CDI são encontradas no site da organização:
http://www.cdi.org.br/

Fonte de pesquisa

Pnad 2008. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1455&id_pagina=1