segunda-feira, 24 de maio de 2010

O papel da inclusão digital no processo educativo

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) em 2008 31,2% dos domicílios brasileiros possuíam microcomputadores e 23,8% tinham acesso à internet. O Brasil é um país de contrastes e no campo da tecnologia digital as diferenças entre as regiões são bastante expressivas. As estatísticas mostram que a maior concentração de computadores e de acesso à internet localiza-se no Sudeste do país havendo grande desigualdade em relação às outras regiões.
Contudo o fato de muitos lares possuírem computadores e acesso à internet não garante que os indivíduos saibam utilizar os computadores e a internet e que se beneficiem de seu uso. A inclusão digital, portanto está relacionada não apenas a aquisição de equipamentos, mas também a proporcionar condições para que os indivíduos possam utilizar os computadores com qualidade. Isso envolve aspectos educacionais, políticos, econômicos e sociais.
Não são poucos os alunos que se matriculam em cursos de informática sem possuírem um computador e sem perspectivas de adquirirem um equipamento em curto prazo. Este fato não impede o indivíduo de freqüentar o curso e até certificar-se, mas a falta do computador para exercitar seus conhecimentos pode ser um fator determinante no momento de competir pela vaga de um emprego que exija completo domínio das ferramentas tecnológicas. É provável que um indivíduo com mais recursos financeiros que possua computador e acesso a internet leve um pouco mais de vantagem neste momento. Pessoas com maior poder aquisitivo têm ao seu alcance todos os dispositivos tecnológicos para consulta a bancos, serviços de sites governamentais, de escolas entre outros. Nesse ponto existe uma discrepância enorme, pois os cidadãos menos privilegiados financeiramente são os que mais necessitam dos benefícios que a tecnologia pode oferecer e os que estão mais distantes desta realidade.
Além da questão de possuir um equipamento com acesso à internet é preciso habilitar-se, conhecer o funcionamento dos programas, saber utilizar os mecanismos de busca e outros serviços oferecidos pela internet. É bem verdade que as crianças e adolescentes são cada vez mais precoces no sentido de manusear os computadores e entender o funcionamento dos mesmos com extrema facilidade e agilidade. Os adultos precisam de um tempo maior para se familiarizar com tantos botões e comandos. Alguns indivíduos chegam a desenvolver a tecnofobia que é o medo da tecnologia e outros até mesmo aversão a computadores.
Outro fato a ser considerado é que na internet a maioria dos sites está em inglês o que acaba dificultando o acesso àqueles que não têm o domínio desta língua impedindo o acesso a informações que poderiam ser valiosas para uma consulta ou pesquisa mais aprofundada.
Que mecanismos poderiam ser criados para minimizar tantos problemas e que ao mesmo tempo atuassem como facilitadores no processo educativo?
O jovem, o adolescente ou o adulto que domine a linguagem tecnológica pode atuar como um agente integrador primeiramente em sua própria família compartilhando seus conhecimentos com as pessoas de seu convívio familiar.
O governo poderia promover mais ações no sentido de facilitar a aquisição de computadores pelos cidadãos e paralelamente oferecer cursos de capacitação para a utilização de programas de computador e da internet.
As universidades e faculdades que formam profissionais na área de ciência da computação poderiam fomentar mais cursos voltados às instituições e a comunidade em geral.
Pessoas com interesses e conhecimentos em informática poderiam se reunir em comunidades virtuais com o intuito de compartilharem idéias construindo ambientes de forma colaborativa para formarem cursos gratuitos online com tutoriais e apoio à distância.
A criação de organizações não governamentais (ONGs) tais como o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) que tem como missão “utilizar a tecnologia como uma ferramenta para combater a pobreza e a desigualdade, estimular o empreendedorismo e criar novas gerações de empreendedores sociais” constitui um meio de aperfeiçoar as relações entre a tecnologia digital e o âmbito social. Informações adicionais sobre o CDI são encontradas no site da organização:
http://www.cdi.org.br/

Fonte de pesquisa

Pnad 2008. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1455&id_pagina=1

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